Tomei um belo de um pé na bunda – drama da rejeição
A experiência de ser rejeitado é uma das dores psicológicas mais temidas por qualquer pessoa. A rejeição parece ser mais dolorosa do que descobrir uma doença grave.
Fiquei me perguntando o que de fato passamos quando somos rejeitados e porque ela dói tanto. Minha longa carreira amorosa com rejeições inúmeras já me fez ficar com muito medo de ser rejeitado a ponto de que eu nem tentava nada e sequer corria riscos.
O que é ser rejeitado?
Eu me dirijo à uma garota pela qual estou interessado. Ela olha para mim dos pés à cabeça e decide não aceitar o que lhe pedi? Isso é rejeição? Do ponto de vista de quem?
Quando condicionamos uma pessoa em torno de nossas decisões criamos a ideia de rejeição. Olhando cruamente, não houve rejeição, apenas uma decisão que não seguiu na SUA direção.
Quando alguém recusa um pedido nosso a reação instintiva que temos é de que ela nos rejeitou. Isso não é verdade. Ela apenas escolheu não experimentar algo que oferecemos a ela. Apenas isso. Se você ofereceu uma música de rock ela preferiu sertanejo. Não recusou você. Só a música.
Mas porque nos sentimentos rejeitados?
Porque estamos presos em nossos gostos e hábitos como se fossem nossa identidade total. Um gosto seu não resume quem você é.
A sensação de reciprocidade é tão delirante que chegamos a acreditar que o amor é fruto do excesso de semelhanças entre você e a pessoa amada. Se o amor é espaço para possibilidades, as diferenças tanto quanto as semelhanças são pontos de crescimento.
Curiosamente nós oferecemos poucos espaços de liberdade nos relacionamentos. Queremos que elas se conformem em nossos desejos e sentimentos na hora que decidimos por aquilo. O sentimento de rejeição é resultado dessa inflexibilidade que temos associada à ideia de que os outros não tem o direito de escolhas próprias. O simples fato de eu desejar algo não torna esse algo MEU. Portanto, se alguém não corresponde ao seu desejo é porque ela está na sintonia dela e quer permanecer ali.
Quando estamos num relacionamento acontece o mesmo. Quando alguém nos deixa imediatamente assumimos que todo nosso ser foi rejeitado, mas a realidade é que ela apenas decidiu seguir por outros caminhos experimentando outras sensações. Outra pessoa pode olhar para nós e ver um novo caminho. Aquela que nos deixou não nos vê como caminho, mas outra vê. Isso quer dizer que eu sou um caminho ou não? Sou o caminho para uma pessoa e para outra não. Simples. Nada absoluto, definitivo e fechado.
Sei que esse olhar é frio e difícil de percorrer, mas em essência, a rejeição não acontece como imaginamos.
É como uma reação química. Uma elemento químico associado a outro pode ser um perfume, mas se há outra combinação pode ser um veneno.
Se alguém vai embora da sua vida isso é sinal que o seu caminho estava paralisado e nem percebeu. Algum dos dois na relação foi corajoso e sábio para perceber que perder tempo não seria o melhor a fazer.
Mas como curar a dor de uma “rejeição”? Colocando sua vida para seguir em frente.
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