Você faz o mal?
Afinal, o que é o mal?
“Os grandes momentos da nossa vida
são aqueles em que temos a coragem
de rebatizar a nossa maldade
como o melhor que em nós existe.”
Friedrich Nietzsche
Definir o mal é uma tarefa quase impossível. Portanto, tentarei me aproximar ao máximo da resposta decisiva.
O mal é aquilo que é contrário ao bem, como esse é contrário ao mal. Mas a definição de bem é diferente se olharmos a realidade por óticas diferentes.
Para alguns o bem é manter a sobrevivência. O mal seria a miséria da condição humana.
Para outros o bem é pertencer a um grupo e ser aprovado por ele. O mal seria o sentimento de exclusão, não pertencimento e desaprovação de uma comunidade ou família.
Há também os que buscam o prazer e a satisfação de seus desejos. O mal para estes seria a frustração dessas satisfações.
Há os que vêem o bem como proporcionar bem-estar e felicidade aos outros. O mal seria fazer sofrer e causar dano.
Para uma maioria, o bem é manter-se conforme exigem as regras morais e as leis vigentes. O mal seria transgredi-las.
Para outros o bem é buscar a realização de seus potenciais. O mal seria viver preso a uma conformidade ressentida.
Há os que vêem o bem como uma interpretação da realidade. O mal seria outra interpretação.
E raros vêem o bem como um aspecto fundamental do paradoxo da vida e o mal, também. E para estes bem e mal são faces da mesma moeda que fazem a roda da vida girar.
O mal do qual tratamos aqui pode ser visto de todos esses prismas, porque o mal é um conceito multifacetado e intercambiável. Em cada situação, o mal toma feições diversas.
Definir o mal é reduzir toda essa riqueza de visões em uma apenas que não abrange a complexidade do fato.
Dependendo do seu nível de maturidade, você pode condenar o mal sob certo aspecto e redimi-lo em outro.
Quando o mal chega perto de você, talvez você precise se defender mesmo que consiga perceber a transitoriedade do mal.
O mal assim como o bem não tem uma substância em si, pois são visões de uma realidade sob o olhar de um observador que pode estar mergulhado e contaminado pelo seu desejo pessoal.
Ao mesmo tempo, nosso desejo de padronizar o que é o mal nos traz a garantia de quais são os limites em que podemos transitar sem ferir a linha tênue entre fazer o bem e o mal.
Cada contexto demanda um olhar que sempre será fragmentado, particular e tendencioso. Mesmo aquele em que os fatos declarem abertamente que um mal foi feito, pode-se a partir de um outro ponto alargar a visão para uma outra linha que não diferencie o mal do bem.
O mal existe e simultaneamente não, assim como a vida. Quando o mal é ignorado, ele danifica, prejudica e rouba a essência do que nos faz humanos. Mas quando olhado, reconhecido e canalizado, ele nos devolve a humanidade, pois o mal também nos pertence no direito de seres livres para escolher.
Bem e mal nos definem e nos diferenciam, pois denunciam a verdade transcendente que somos. Indefiníveis, impalpáveis e mutantes. É como olhar para um cubo. Posso ver uma faceta de minha personalidade e, no entanto, outras mais existem que estão ocultas para mim.
* Resolvi colocar esse trecho do meu livro “Por que fazemos o mal? – transformando a sombra da realidade” a pedido de algumas pessoas que não estão encontrando o livro para venda, estou solucionando isso em breve!
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