Você ainda consegue fazer sexo com amor?

* Por Frederico Mattos

Eles se tocaram de um jeito incomum. Aqueles ultimos tempos tinham sido muito difíceis para ambos. Ela querendo passar num concurso público e ele com sérios problemas com o chefe. Mas naquele dia cansado eles se olharam com uma ternura especial. Isso provocou um desejo sexual gostoso e suave. Ao penetrá-la ele a olhava firmemente nos olhos, diferente daquele sexo casual ou mecânico para cumprir tabela. Eles se comunicavam de um jeito especial, pelo movimento dos corpos. Sentiam uma energia diferente fluir. Quando chegaram no ápice do prazer algo estrondoso aconteceu. Um orgasmo que parece que vinha do corpo inteiro, um tremor de abalar cada músculo, cada parte do corpo e da alma. Um gozo que vinha do coração. No abraço final eles sentiram que estavam em casa novamente e uma lágrima de alívio, prazer e acolhimento amoroso veio aos olhos de ambos.

Uma eletricidade viva no seu corpo !

Noto que existe um dado momento que existe uma quebra fundamental no psiquismo. Aquela hora em que uma pessoa consegue desconectar o seu corpo de seus sentimentos, ou como preferem, o sexo do amor.

Acho essa quebra curiosa, é como se você desse um grito sem estar com raiva, ou um pulo sobressaltado sem estar com susto, ou tremer a mandibula sem estar apavorado.

Imagino que transar sem amor provoca essa sensação. Parece que o corpo encontra refúgio, mas a alma permanece um pouco sozinha. [leia mais]

Não estou levantando nenhum julgamento quanto a isso, não sou daqueles puristas que acham que sexo só deve ser feito com amor. Sexo é uma expressão de diversidade de emoções.

O amor no sexo confere uma qualidade especial que o sexo sem amor não dá. Apenas isso.

Muitas vezes o sexo é vivenciado desconectado de sentimentos reais. Normalmente as pessoas transam ou se masturbam por tédio.

Uma vida que não vem se realizando plenamente pode começar a se preencher de sensações que trazem emoções curtas como ver TV, jogar videogame, comer um junkfood ou fazer sexo.

Não temos oferecido qualidade à nossa vida, oferecemos prazeres rápidos e sem consistência orgânica. Não nos afeta de verdade, não mobiliza nenhuma energia profunda, apenas nos entretem.

O sexo casual tem seu papel na vida das pessoas, no entanto, ele pode virar junkfood, só isso. Não espere que esse sexo sem amor preencha de fato.

Não há problema em si em comer comida rápida e barata, mas viciar nisso pode ser altamente prejudicial, e quando for perceber está com uma dieta emocional pobre de sentido e acostumado a engolir toxina mental.

Porque sexo casual não é só a hora da transa, tem o antes, o durante e o depois. Você se acostuma a dizer coisas que não sente, fazer outras que não gostaria e ficar com uma sensação de farsa dentro de você. Se isso é ocasional ok, mas se vira um hábito chega uma hora que já não sabe o que você realmente sente de verdade. Perde o paladar para as coisas boas.

Ouço muito das mulheres que só conhecem homens canalhas e que só querem sexo, mas acredito que muitas delas já não sabem identificar sexo de qualidade. Elas se habituaram a comer sexo fácil e ficam incrédulas de amor de verdade. Os homens também, se queixam de uma certa futilidade da mulherada e se divertem por algum tempo, mas depois eles próprios sentem um vazio no peito. Essa angústia aumenta e cria tédio, mas tudo se resolve com uma transa rápida. Parece o bebado que cura um porre com bebedeira. É um buraco cavando outro.

Exploramos pouco e pobremente a arte de fazer amor no sexo. Simplesmente porque dá trabalho. Amar dá trabalho. Sexo com amor também.

Enquanto isso vamos nos contentando com gozos apressados, sem olho no olho, com certa frieza e vontade de que a pessoa vá embora logo depois que gozou.

Sexo especial mesmo é aquele que tem vontade de morar no corpo da outra pessoa e permanecer ali para sempre.

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“,  “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094

 

 

 

 

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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