7 pecados – Gula

Comer…

Nunca se viu prazer tamanho diante de um prato…
Toda a comida do mundo não lhe bastava nos lábios.
Enchia tudo, sem a menor vergonha.
Doces e salgados dançavam simultaneamente na boca gorda e gulosa.
A repreenda dos familiares já não afetava sua vaidade.
Havia assumido suas banhas como quem assume um vestido novo.
Certo dia comera tanto que começou a soluçar. Seu soluço foi se tornando um aflitivo pedido de socorro, mas não era o nome da mãe que chamara e sim o último clamor antes da desdita: lasanha!


A gula foi um dos últimos pecados a serem incorporados aos sete pecados capitais. Talvez porque seja o mais ingênuo e não maldoso dos pecados, ao lado da preguiça, só faz mal ao pecador.
Que faz um sujeito comer para além da necessidade básica de sobrevivência alimentar?
Os neurocientistas já identificaram áreas do cérebro que funcionam como armadilha na cabeça, pare de comer. Para algumas pessoas essa armadilha não funciona, o alarme não soa e o gatilho nunca é puxado.
Comer oferece um prazer inestimável! Regado a boas bebidas e boa companhia comer sempre foi uma satisfação que ia muito além da satisfação biológica.
O que está oculto na gula é a ANSIEDADE.
Ânsia de quê?
De vida.
O guloso anseia a vida que lhe falta. Quer engolir o mundo à sua volta, mas não consegue parar. Ele simplesmente carece de limites internos para sentir-se saciado na vida. O futuro é sempre sua sina. Está aqui e pensando lá. Está lá e pensa acolá.
Há muitos gulosos que não se fartam nos pratos recheados. Há milhares de gulosos absolutamente magros e esbeltos. No entanto, falta-lhes o mesmo: vida.
Quando o guloso consegue olhar para si mesmo e reconhecerá que está procurando amor, liberdade, prazer, fé e companhia na comida.
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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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