Os pais cozinharam seu cérebro

As pessoas costumam ter uma relação estranha com seus pais. É uma luta constante entre liberdade e dependência.

Ele está dentro de sua cabeça!

Nascemos completamente dependentes de nossos pais, absolutamente reféns de sua ajuda, seu toque e seu amor. Lentamente nossas forças físicas e psicológicas vão crescendo e concedendo autonomia aos nossos desejos, vontades e ações.

Na adolescência entramos num embate de ideias, conhecemos outros cenários, outras famílias e questionamos fortemente o que nossos pais nos ensinaram. A rebeldia e revolta é quase certa e sempre ficamos com a sensação de que recebemos pouco.

As reivindicações de amor surgem em forma de revolta, agressividade e gritos. Em essência o adolescente percebe que o paraíso da infância acabou e pressente que já não poderá culpar os pais mesmo que quisesse.

O rolo compressor do tempo irá esmagar lentamente sua ilusões onipotentes. Ele não é o mais bonito, o mais simpático, o mais inteligente e o mais querido da mamãe e do papai. Suas brigas com os pais na realidade são frustrações pessoais colocadas sobre aqueles que lhe deram tudo o que lhes foi possível dar. Em essência, já bastaria terem dado a vida.

Mas os jovens querem mais, nada é o suficiente para sua insatisfação crônica. Ele se depara com os dilemas naturais da vida, mas como não tem a quem culpar elege os pais. Quem de fato podemos culpar por não sermos perfeitos e completos?

Alguns pensam que a saída da casa dos pais definiria outros rumos para a própria personalidade. Sem sombra de dúvida essa saída é valiosa, afinal quem melhor para conhecer quem nós NÃO somos do que os nossos pais? O olhar deles inconscientemente nos condiciona naquela criança perfeita e encantada que já não somos, ainda que quiséssemos ser.

Mas, sempre me pergunto, com que pais realmente estamos nos degladiando?

Conheço muitas pessoas que já saíram da casa do pais e se vangloriam de terem se libertado dos condicionamentos parentais. No entanto, continuam com hábitos mentais muito parecidos e se relacionando com as demais pessoas reproduzindo modelos paternais. Cito alguns:

1- Primeiro eu!

A tendência da pessoa querer ser servida em primeiro lugar, ter lugares privilegiados ou posições de destaque é uma nítida reprodução dos primeiros anos de vida. Aquele bebê que recebia tudo com exclusividade e prioridade ainda quer ter as mesmas honrarias pela vida toda.

2- Você me deve!

Você já deve ter se flagrado querendo receber algo em troca daquilo que fez para alguém. Essa noção de reciprocidade, de que o amor precisa ser devolvido é mais uma reprodução da relação mãe-bebê. A criança sempre pressupõe que a mãe deve dar sempre mais. Esquecemos que até o amor dos pais em essência, não é obrigatório. Mesmo assim teimamos em achar que eles nos devem favores.

“Me colocaram no mundo, sem que eu pedisse!” é o que alegam. E daí? Dar a luz à uma criança obriga alguém a dar assessoria exclusiva e personalizada por toda a eternidade? Mais uma crença limitante e infantil. Seria mais fácil admitir o que está oculto nessa reivindicação: “tenho medo de enfrentar o mundo sozinho, preciso do colo de mamãe!”

3- Eu quero!

Chega a ser engraçado quando vejo uma pessoa pedir algo que deseja e isso por si só criar uma demanda obrigatória. Basta um desejo e todos tem que sair correndo como se estivessem atendendo uma mulher grávida. Um lembrete: seus desejos, como o de 6 bilhões de outras pessoas no planeta Terra, podem esperar. Talvez nunca serem atendidos.

Seu desejo não é uma ordem de execução. Isso só acontece na história do gênio e os 3 pedidos. Você pode muito bem passar uma vida com algumas frustrações sem que ninguém atenda seus apelos. Pare de tratar os outros como serviçais de suas vontades. Se quiser um copo de água você também pode se levantar e pegar.

4- Sou especial!

“Tenho uma missão especial!”, “comigo vai dar certo!”, “tem algo reservado para mim”, “parece que tenho sorte”, “minha hora não chegou!”, “tem alguém lá em cima olhando por mim!”, “bem comigo?”, “por que eu?”, “sempre comigo!”, “a culpa é minha!”, “eu criei essa doença!”, “um dia ele(a) vai perceber a pessoa que perdeu quando me deixou”.

Essas são todas variações da mesma crença ilusória de que temos dons especiais e somos diferentes da maioria. Isso talvez tenha acontecido durante 9 meses de gestação e mesmo nessa fase sua mãe se ocupou de um monte de outras coisas que não você. Se você é especial, porque razão seria? Por que as outras pessoas desse planeta não seriam? Esse é um sentimento oculto em todas as pessoas que só revela que te somos todos crianças apelando a poderes especiais para ver se sobrevivemos ao desafio de ser humano.

Saiba que as regras do jogo são: sem poderes especiais e sem garantias.

5 – A culpa é sua!

A culpa é o último resquício de infantilidade que ainda alimentamos. Eleger um único responsável para um acontecimento desventuroso é ainda coisa de criança, pois ela precisa se livrar do peso de sua própria ação. Culpar os outros por tudo é tão ingênuo como culpar a si mesmo. Culpar a si por tudo ainda é resultado de um sentimento exagerado de autoimportância que atribuímos ao nosso ego.

Assumir sua parte no que acontece é essencial, mas repartir a fatia de responsabilidade com outros fatores complexos da vida também. Não somos deuses nem sequer em nossos erros, até para criar um fracasso completo somos impotentes. Deixe a culpa para os orgãos jurídicos.

Em essência não importa para onde você fuja, não é dos seus pais que você se distancia. Você os carrega dentro de sua mente por quanto tempo for.

De seus pais você pode ter registrado um pai autoritário que continua castrando seus movimentos ou um pai permissivo que não lhe avisa quando já passou dos limites.

Muitos fracassos que você enfrenta provavelmente não são frutos de problemas cotidianos, mas boicotes originados desse fantasma que você teima em alimentar.

Culpa dos pais? Não.

É provável que você ainda não consiga dar passos maduros para além das repressões que guarda dentro de si. Por isso precisa alimentar a raiva por tudo o que eles fizeram a mais ou a menos por você.

A liberdade definitiva talvez ainda seja uma sobrecarga para a mente infantil que você alimentou esses anos.

A liberação real desse pai severo que habita sua mente (que pune ou recompensa você pelos seus atos) vem em conjunto com a responsabilidade de suas ações presentes!

E se em última hipótese você ainda culpá-los lembre-se que é capaz que você seja uma cópia fiel daquilo que teima condenar em “papai e mamãe”! 🙂

Feliz Dia dos Pais!

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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